Sobre mim

De tudo ficaram três coisas…

“A certeza de que estamos começando… 
A certeza de que é preciso continuar… 
A certeza de que podemos ser interrompidos 
antes de terminar… 
Façamos da interrupção um caminho novo… 
Da queda, um passo de dança… 
Do medo, uma escada… 
Do sonho, uma ponte… 
Da procura, um encontro!”

Exatamente um ano atrás minha vida deu os primeiros passos pra uma enorme mudança. No dia 3 de dezembro de 2012 recebi a notícia da doença do meu pai, como contei aqui.

Na noite do dia 7 de Janeiro desse ano escrevi pela última vez no blog. Eu senti naquela noite a necessidade de desabafar. Eu sentia que não poderia deixar pro próximo dia. De alguma forma eu sabia que depois daquela noite não conseguiria mais escrever. E eu estava certa. Na manha do dia 8 de janeiro de 2013 meu pai nos deixou.

Estranho pensar que depois de tudo que eu passei, meu maior medo fosse escrever. Talvez por que escrever sempre me remeteu a sinceridade e na batalha contra o luto, muitas vezes não fui sincera nem comigo mesma.

Eu poderia escrever hoje um texto enorme contando da dor, dos altos e baixos, da sensação de sentir o mundo tão pequeno, e de tudo que eu passei nesse último ano. Mas é difícil. Deve ser como passar no meio de um furacão e depois explicar o que viu e o que sentiu. Não dá. Além de tudo é muito triste.

Por isso eu prefiro contar como é sentir tanta saudade de alguém que você vê uma foto e chora até o coração parecer rasgar, e depois de tudo ainda conseguir sorrir e ficar alegre porque, afinal, a pessoa que você sente falta passou pela sua vida.

É mais bonito contar como é pensar tanto em alguém que já se foi, que essa pessoa parece estar mais perto do que antes.

É mais contagiante contar que eu passei quase um ano sem ter alegria nenhuma em escrever, e agora eu enchi o peito de coragem pra tentar contar a pior história da minha vida. Alguém uma vez me falou que toda vez que eu escrevesse, ele estaria comigo, e em todas as palavras do meu texto. Ele também gostava de escrever, e com a maior dignidade do mundo, fez um blog pra contar sua curta passagem pelo hospital. Quer ler? AQUI.

Sempre acreditei que a vida é feita de ciclos. E que você não controla o início nem o fim dele. Às vezes pode se alegrar e até comemorar o fim de um. Outras vezes a mudança é tão grande que te faz pensar que a vida acabou. Mas ainda assim, é só um ciclo.

Um ciclo da minha vida se fechou no mês de janeiro.  Minha avó, a mãe do meu pai, também se foi três semanas após meu pai. Não existe mais a casa da vó Bentinha. Mas existem muitas lembranças. Agora é preciso aprender a viver com elas.

Saber transformar a saudade em lembranças é um ótimo caminho pra amenizar a dor e, principalmente, voltar a ter esperança.

Eu tenho muita esperança do futuro. E quero viver cada dia da minha vida da melhor maneira possível. E tudo isso em homenagem ao meu pai, que amava demais a vida.

Pai, valeu por tudo! Obrigada por continuar me fazendo sorrir. Cada segundo valeu a pena.

“A morte chega pontualmente na hora errada” – Mario Quintana.

7 Comentários

  • Scheila Dziedzic

    Karina…como entendo tuas palavras e como elas descrevem tão bem essa confusão nos nossos sentimentos. Infelizmente compartilho contigo essa experiência da perda…pai, vó (mãe do pai) e a mais dolorida e ainda sentida…minha mãe. Nossa…impressionante a propriedade com que vc escreveu cada palavra. Dor, necessidade de desabafar, altos e baixos, lembranças que nos fazem rir, aprendizado que vamos levar para a vida inteira. E como você disse: ” …. como é sentir tanta saudade de alguém que você vê uma foto e chora até o coração parecer rasgar, e depois de tudo ainda conseguir sorrir e ficar alegre porque, afinal, a pessoa que você sente falta passou pela sua vida.. …Neste momento é que eu me convenço mais do que nunca que Deus existe…que Ele nos presenteou na vida com a companhia do Zé e da minha Leoni….mesmo que não pelo tempo que desejássemos, Deus nos permitiu alguns anos e muito amor. Olha…acho que a minha maior falta é não ter mais a casa da mãe para ir buscar aconchego, carinho e aquele abraço e colo….Mas..como vc falou…um ciclo que se encerra…que a força que eles nos ensinaram a ter se faça presente e que para homenageá-los da melhor forma….que reencontremos a alegria e felicidade que eles sempre desejaram para nós.
    Te admiro, amo o que escreves e acredito muito em sua esperança do futuro e de que irás viver cada dia da sua vida da melhor maneira possível. Sim, é a melhor forma de homenagear teu pai. Show….lindo texto..amei, me emocionei, me encontrei nele…ou encontrei nele as palavras que traduzem muito dos meus sentimentos…. Não deixe de escrever…são sempre palavras com sentido e sentimento. Um grande beijo…Scheila

  • Barbara

    Lindas palavras.. Me acabei em lágrimas, ainda mais agora nesse momento que estou vivendo.. A saudade é muito grande, para mim ainda parece mentira.. Saudadessss…

  • Inge

    Fico feliz em te conhecer um pouco mais. Ah Saudade….Já sentei muitas vezes para escrever, mas ainda não tive coragem….Um grande abraço, Inge.

  • Gisele

    Gisele – Karinha lindo o que vc escreveu, continue sendo essa pessoa de fibra que com tanta dignidade enfrentou toda essa situação. Tenho muito orgulho de sua família toda e tenho certeza que o Zé também.
    Beijos

  • Bel Oliveira

    Que coisa linda de ler. Eu comecei a acompanhar seu blog quase no fim do ano passado, vi a frequência de posts diminuir e sempre voltei pra saber o que havia acontecido, na esperança de ter sido diferente do que foi. A gente acaba se envolvendo com as histórias de quem lê diariamente. Então, recentemente te encontrei no instagram, e percebi que infelizmente o ciclo da vida do seu pai se fechou, mas você seguiu em frente, firme e forte com o apoio dos seus. Linda palavras para um retorno. Fiquei emocionada de verdade. Provavelmente eu vá a Zurich em janeiro, quem sabe podemos tomar um café (ou uns bons drinks..haha) e eu te dar um abraço pra festejar a sua coragem de colocar todo esse sentimento em palavras. Beijos, Karine!

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