Quarta feira, 17 de julho de 2009, fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista. Capas dos principais jornais do Estado: “Brasil rumo à semifinal”; “Viúva pega 18 anos pelo assassinato de advogado”; outro jornal com uma foto do Ronaldo “fenômeno” abraçando sei lá quem. E VIVA A POLÍTICA PÃO E CIRCO! Afinal, quem além dos estudantes e graduados em jornalismo se importa com a extinção? Li e reli vários argumentos vindo dos apoiadores do “não diploma”, mas não consigo achar razão óbvia em nenhuma palavra. Eles defendem a liberdade de expressão, dizem que todos têm o direito de comunicar seus pensamentos. Mas peraí, em nenhum momento da minha vida universitária me ensinaram a escrever o que eu pensava. Eles me deram ensinamentos de como apurar os fatos, como tornar um fato em uma notícia. Em momento algum pensei que passando informações eu estaria impedindo o povo de se manifestar. Falando nisso, há uma seção em todos os jornais que publica artigos, e lá é possível demonstrar qualquer tipo de manifestação ou pensamento. Mas esse papo de que o diploma de jornalismo fere a liberdade de expressão é tão estúpida que eu prefiro passar ao próximo argumento – não menos estúpido.
A próxima alegação é que não há nada de tão relevante ou teórico que seja necessário aprender em uma cadeira universitária, tudo poder ser aprendido na prática. Agente só aprende na prática? Aaaah, é? Eu só aprendi a dirigir de verdade depois de dirigir por um ano todos os dias, mas não posso negar que os ensinamentos da auto-escola foram fundamentais. Garanto que meus amigos que estudam Direito conseguiriam facilmente estagiar durante cinco anos e aprender muito, talvez mais do que na universidade, porém o diploma para essa profissão é obrigatório. Eles dizem que um erro na profissão de médico ou advogado pode causar danos a vida de alguém, diferente da profissão de jornalista. Bom, não vou entrar nesse mérito já que está mais do que evidente que um jornalista medíocre e sem ética pode, sim, destruir a vida de alguém. Conheço casos bens sinistros. Agora o argumento mais plausível, mais incrível e mais surpreendente foi o do nosso querido ministro Gilmar Mendes que comparou um jornalista com um cozinheiro. E ainda disse que acredita que essa decisão não irá impedir jovens de cursar Jornalismo. Alguém aí está interessado em pagar (sim, por que mesmo passando para uma Federal há gastos) e estudar durante quatro anos por um diploma que vale pela metade? Vale o conhecimento, mas não vale o emprego. Quem estuda apenas pela ciência da informação? Claro que o emprego é sempre de quem sabe mais, e talento sem embasamento teórico não vale muito, mas para os grandes empresários a mão-de-obra barata é sempre mais interessante. Agora quem não tem profissão nenhuma pode escrever um monte de “abobrinhas” e dizer que é um jornalista. Bonito, ein? Acho essa decisão uma falta de consideração com aqueles que sempre foram apaixonados pela informação, mas como num sinal de respeito foram até os bancos universitários aprender mais, pôr limites à ousadia de escrever o que quiser doa a quem doer, aprender ética, e principalmente, se dar conta de que comunicação nem sempre é JORNALISMO.
18-06-2009 @ (11:24)
>Assino embaixo ¬¬A opinião do Supremo não reflete à opinião de quem defende a profissão. Escrever sem qualidade, infelizmente, agora também é jornalismo.