Experiências,  Sobre mim

Lar Doce Lar

Como é bom voltar pra casa depois de uma semana em Gravatal City. Qualquer lugar cansa menos que lá. Uma semana parece uma eternidade! Mas eu sobrevivi ao calor, aos mosquitos, à monotonia e às lagartixas. O calor é infernal e dá a sensação de que a casa está derretendo. Os mosquitos são que nem homens, onde tem carne nova no pedaço eles caem em cima. E o legal é que eles picam nos lugares mais estranhos, como sobrancelha, orelha, cotovelo, e quando eu to na piscina eles me picam na bunda. Coisas que só acontecem comigo!

A monotonia nem se fala. Eu acordava de manha já desesperada por saber que nas próximas horas não haveria absolutamente nada pra eu fazer. Eu até tentei ler e escrever, mas o calor não deixava. E na hora de tomar banho? Quem diz que eu entro em um banheiro com lagartixa? Tem uma explicação lógica/fantasiosa para esse meu medo (terror) de lagartixas. Quando minha mãe estava grávida de mim uma lagartixa caiu em cima da barriga dela. Eu fico toda nervosa se eu vejo uma. Então toda vez que eu ia entrar no chuveiro tinha que fazer aquela inspeção. “Ai, tadinho do bichinho, não faz mal à ninguém, e ainda come os insetos”. Ah, me poupe. Bem também não faz, e além do mais, já existe inseticida pra matar os insetos.

Não posso dizer que Gravatal City só tenha coisa ruim, até por que é minha cidade natal. Bem, nem tão natal assim, já que em Gravatal não existe maternidade, então eu nasci mesmo em Armazém, o que eu prefiro não comentar. Em Grataval City as pessoas falam “Misericórdia” pra tudo que cause o mínimo de espanto. E “vê se já de viu?”, que funciona como o “ora pois” do manézinho. Outra coisa boa sobre a cidade é que lá nunca ninguém é desconhecido. Todo mundo é parente de todo mundo, principalmente de falecidos. “A neta da faLIcida Carminha”. “O filho do faLIcido tio Antônio”. Ninguém sabe meu nome, mas sabem de certeza que eu sou a neta do Zé Cearense. É, meu avô. Uma lenda de Gravatal conhecido por sua imensa grosseria nordestina. Pra ele todo mundo é corno e vagabundo. Mas as pessoas relevam, até por que ele não dá a mínima pro que a gente fala mesmo, mas tem um coração enorme.

Eu, definitivamente, sou uma garota urbana. Não conseguiria viver em um lugar assim tão calmo. Mas uma coisa é admirável naquele povo do interior: a simplicidade. Ninguém hesita em cumprimentar o outro. Todos oferecem carona. E por mais que a linguagem não seja a mais rebuscada, se fazem entender e mostram que não é preciso ir tão longe pra saber demais da vida.

Um comentário

  • Anderson

    >não precisa ir tão longe pra ver as pessoas se referindo às outras como “filha de tal pessoa, irmão do falecido loca, sobrinho-neto do fulano” minha vó é bem assim, ela acha “amigos em comum” mais rápido que o orkut!auheuhaQuanto às lagartixas, relaxa, elas tem mais medo de ti que tu delas..uaheaSério, aloprar lagartixas é o bicho!auehuaehfui!o/

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