Por que você, cego de tanto egoísmo não conseguia ver um palmo a frente do seu nariz. Eu estava bem ali.
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Pisou no meu pé algumas vezes alegando não saber direito o caminho. Eu saia da frente, pra que o enxergasse melhor, mas ele dizia que seguia melhor comigo.
Os leves pisões doíam um pouco, porém eles fazem parte da longa caminhada, pensava eu. Então eu me mantive um pouco distante, aproveitando a visão de um novo horizonte. A esperança era que no final da rua os caminhos de encontrassem de novo.
Era interessante seguir um caminho diferente e não levar leves empurrões, mas eu voltava, pois achava que aquele era o caminho apropriado, ou pelos menos era, com certeza, a rota planejada. E a rota até então tinha sido planejada pelos dois.
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Me atropelou sem dó, e depois voltou pra dizer que não tinha me visto.
Quando eu estava melhor do tombo, me atropelou de novo, dizendo não ter certeza se era eu mesma – que estava na frente. A dor ja não era mais dos tombos e tropeços.
E assim eu me perdi e esqueci quem era mesmo que causava toda a dor e entrei num labirinto. Mas o labirinto tinha uma rota, só que desta vez, planejada somente por ele. E eu segui, sem saber direito porque.
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Um belo dia de sol, meses após ter conseguido – finalmente – sair do labirinto, estamos juntos dentro do carro no sinal vermelho.
– Não foi certo ter me atropelado tantas vezes em nome da sua própria loucura.
– Quem mandou ter seguido junto a mim depois do primeiro pisão no pé.
Sinal verde, podemos seguir.
15-05-2016 @ (13:34)
Você escreve muito bem. Adoro seguir o seu blog, o li inteiro e algumas das suas histórias realmente me tocaram. Espero que você continue escrevendo 😀