Boy lixo e amor próprio
Hoje, durante minha visita ao museu virtual de Frida Kahlo eu me peguei pensando em alguns fatos da vida dela, e percebendo similaridades.
Uma mulher inteligente, corajosa, idealista e artista, cegamente apaixonada por um homem que nos tempos atuais chamamos de boy lixo. E por mais que ela tivesse muitas aventuras fora do casamento, a paixão por Diego nunca passou. Calma, não é nesse ponto que meu identifiquei. Meu divorcio é muito bem resolvido dentro de mim. Os traumas e marcas não, inclusive estou trabalhando nisso, mas o divórcio em si é super resolvido.
Muitas vezes me pego pensando se eu foco no boy lixo por falta de opções, falta de viajar e conhecer pessoas novas, sei la.
Será que um dia algo vai acontecer e minha única saída será escrever?
Frida queria ser medica, mas por causa de um acidente na adolescência, passou muito tempo na cama, e consequentemente dedicou seu tempo a pintura.
Eu queria escrever todos os dias, seja sobre coisas que acontecerem, crônicas ou estórias que eu crio na minha cabeça. Por que de fato eu “escrevo” mentalmente todos os dias.
E vendo ali, naquele museu, fotos daquela artista deitada numa cama e impossibilitada de andar, me bateu um medo. Medo de deixar pra depois, medo de deixar pra fatalidade a minha vontade de escrever.
A pressa é inimiga da perfeição, mas talvez eu encontre nas minhas imperfeições a minha motivação para voltar a escrever.
Assim como para Frida não me faltam opões nem tempo para viajar e conhecer gente nova, me falta amor próprio. E essa é minha maior imperfeição.
Se descobrir como mulher, como sagrado, como potência da natureza não foi fácil para Frida, nem para todas nossas antepassadas. E assim também está sendo pra mim. Cada dia é uma nova descoberta, outros dias é mensagem nova do boy lixo, e em outros eu só quero por pra fora.
“Pintar completou minha vida” disse Frida. Talvez eu esteja procurando em fontes erradas o resto que me falta.