É exatamente isso, essa é a minha realidade. Mas antes de chegar a esse ponto da minha vida, vamos voltar os meus 13 anos. Ja comentei aqui que com 13 anos eu comecei a escrever em diário. Eu sempre digo que foi com essa idade que eu comecei a ver a vida. E nessa época eu não sonhava com os 18 anos, eu imaginava meus 30. Minha Barbie trabalhava e o Ken era apenas seu namorado. Ela tinha carro, trabalho e morava sozinha. A idade da minha Barbie era 30, por que naquela época eu ja percebia os artigos em algumas revistas dizendo que 30 era o auge da mulher. Eu não via a hora de virar mulher! Claro que eu sabia que iria demorar muito ate eu chegar aos 30, mas eu ja imaginava que seria mágico. Quando eu cheguei os 18, a época que todas meninas sonham, meu desejo era me mudar pra Nova York – a metropole dos sonhos, ter um super emprego em uma revista feminina e morar em um daqueles apartamentos sem divisão com uma super janela de vidro.
O tempo passou mais um pouquinho e eu me apaixonei perdidamente por um Suíço aos 21. Qualquer sonho que eu tivesse tido ate aquele momento cairia por terra, ja que eu ja tinha “caído por ele”. Depois de alguns anos de namoro eu vim pra Suíça e nós nos casamos. Não me interessava mais onde morar, eu queria ele. Eu trabalhei como babá por um tempo e por mais que isso abalasse um pouco meu ego, eu estava feliz por estar perto dele, e até aquele ponto ele ainda satisfazia minha vida. Por um bom tempo todos meus sonhos e desejos ficaram meio abafados, por que eu me acomodei na felicidade. Mas eu sentia, que algo estava meio… fora da rota? Mas olha, jamais vou cuspir no prato que comi, eu fui, sim, muito feliz naquela vida.
Mas aí depois de 5 anos eu fiz 30 e eu não consigo expressar em palavras a minha realização pessoal e como eu me sinto plena e completa. Muita coisa aconteceu nesses anos, muita insatisfação, tristeza, decepção e aprendizado.
Hoje eu escrevo esse texto depois de horas de trabalho num escritório de uma empresa em Zurique – a metropole da Suíça, e mais importante: olhando pra fora pela minha grande janela de vidro. Se eu olhar pra traz também vejo meu quarto, por que meu apartamento não tem divisão. E claro, uma lagrima cai do meu olho.
Amanhã vamos nos divorciar e eu não sei o que sentir. No roteiro que criei quando tinha 13 anos, não tinha essa parte, mas e se foi isso que me trouxe pra onde eu queria, como me sentir triste? Minha lagrima é de gratidão, que fique claro.
Enquanto muitas mulheres hoje comemoram seus 30 anos e se sentem repletas porque conseguiram casar e ja estão planejando o primeiro filho, eu faço o caminho inverso.
Se eu pudesse voltar no tempo e reencontrar aquela menina forte e perspicaz de 13 anos eu abraçaria e diria: vai dar tudo certo! Todos aqueles momentos de reflexão em cima do diário e aqueles desejos que iam de encontro com o que as outras meninas queriam valeram a pena. Todo o choro valeu a pena.
Eu queria terminar esse texto com algo surpreendente, mas quer mais surpresa do que chegar num ponto da vida e perceber que as coisas arrumam um jeito de ser, mesmo que um jeito torto? Falando assim parece até que é o fim de todos os planos. Mas é que foi assim, eu só desejei até aqui mesmo.
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Calhou desse texto ser postado no dia internacional da mulher, então fica aqui a minha reflexão: nenhum estado civil diz quem você, mulher, é ou pode ser!
11-03-2017 @ (16:11)
Oi, acompanho seu blog há 2 meses e queria dizer que eu sinto muito mesmo que seu relacionamento não deu certo. Fiquei bem triste porque a minha história é parecida com a sua e em breve ao final desse ano a minha vida pode mudar completamente porque pode ser que eu vá morar na Suiça e casar com um suiço também, mais precisamente em St Gallen, 1h de Zurique.
Eu fiquei triste porque eu estava me inspirando em você e uma parte de mim estava acreditando naquela velha historinha de conto de fadas de “ah entao eu vou casar, morar fora do Brasil, ficar longe de amigos e familia mas tudo vai dar certo porque vou estar do lado do amor da minha vida”. Mas as coisas não funcionam bem assim, né?
Lendo seus textos depois disso, eu vim a te admirar muito, muito mais! Fiquei um pouco decepcionada porque pensei em todas as possibilidades do “meu conto de fadas” não der certo também. As coisas na vida nunca são um conto de fadas e nada é facil, e eu percebi que você é muito guerreira mesmo. Parabéns pela maturidade de como você lida com as dificuldades da vida e todos os baldes de agua fria que você levou depois que foi pra Suiça. Lendo todo o seu blog parece que eu to conversando com uma amiga, rs.
Eu fiquei pensando muito se valia a pena sair do meu país, longe de tudo pra ir pra um lugar frio pra cac*ete e trabalhar nos empregos mais baixos possiveis por amor, como voce fez, mas que infelizmente não deu certo. E depois de pensar, eu acho que vale a pena assim. Porque eu acredito que tudo acontece por um propósito, até as dificuldades. Você amou muito uma pessoa que te decepcionou, mas hoje tudo isso faz parte da sua história e te fez uma mulher forte e madura, fez amigos maravilhosos enquanto morou aí, e acredito que a vida tem muito mais coisas maravilhosas pela frente e eu tenho certeza que você vai encontrar outra pessoa que te merece e vai te fazer muito feliz, porque você parece ser uma pessoa muito linda 🙂
Eu não sei se esse meu relacionamento com o tal de Suiço vai dar certo também, Suiços são muito complicados e metódicos rsrsrs você sabe né? Brasileiros e suiços são opostos em muitas coisas principalmente no quesito organização. Mas se vai ou não eu só vou saber depois de tentar não é mesmo? Como você fez.
Enfim, eu te desejo muita sorte nessa nova fase da vida e parabéns pela maturidade que você lida com as coisas, quem sabe se eu for mesmo um dia a gente possa se encontrar por aí em Zurique?
Beijos :***